BRUCELOSE

Doença sistêmica bacteriana, com quadro clínico muito polimorfo. Seu início pode ser agudo ou insidioso, caracterizado por febre contínua, intermitente ou irregular, e de duração variável. Um sintoma quase constante é astenia e qualquer exercício físico produz pronunciada fadiga. Acompanhada de mal-estar, cefaléia, debilidade, suor profuso, calafrios, artralgia, estado depressivo e perda de peso. Em alguns casos, podem surgir supurações de órgãos, como fígado e baço. Quadros sub-clínicos são freqüentes, bem como quadros crônicos de duração de meses e até anos, se não tratados.

Devido ao polimorfismo das manifestações e ao seu curso insidioso, nem sempre se faz a suspeita diagnóstica. Muitos casos se enquadram na syndrome de febre de origem obscura (FOO). Esta febre, na fase aguda e subaguda, em 95% dos casos é superior a 39,5o C. Complicações ósteo-articulares podem estar presentes em cerca de 20 a 60% dos pacientes, sendo a articulação sacroilíaca a mais atingida. Orquite e epididimite têm sido relatadas e, também, pode ocorrer endocardite bacteriana. Em geral, o paciente se recupera, porém pode ficar com incapacidade intensa no curso da enfermidade, sendo importante o diagnóstico e tratamento precoces. Recidivas ocorrem, com manifestações parciais do quadro inicial ou com todo o seu cortejo.

Sinonímia
Febre ondulante, febre de Malta, febre do mediterrâneo, doença das mil faces ou Melitococia.

Agente etiológico
Brucella melitensis, biotipos 1 e 3; Brucella suis, biotipos 1 e 5; Brucella abortus, biotipos 1-6 e 9; Brucella canis.

Reservatórios
Gado bovino, suíno, ovino, caprino e outros animais domésticos, como cães e búfalos.

Modo de transmissão
Contato com tecidos, sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados, placenta (grande fonte de infecção), ingestão de leite cru e derivados provenientes de animais infectados, acidentes em laboratórios e da práticavacinal.

Período de incubação
Muito variável, de uma a três semanas, mas pode prolongar-se por vários meses.

Período de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa.

Complicações:
Encefalites, meningites, neurites periféricas, artrite supurativa, endocardite vegetativas e endocardite bacteriana sub-aguda, que, se não diagnosticada e tratada, pode levar ao óbito. Infecções do aparelho geniturinário podendo proporcionar redução da potência sexual.

Diagnóstico
Suspeita clínica aliada à história epidemiológica de ingesta de produtos animais contaminados mal cozidos, não pasteurizados ou esterilizados. A confirmação diagnóstica se faz através da cultura de sangue, medula óssea, tecidos ou secreções do paciente. As provas sorológicas (aglutinação em tubos) devem ser feitas em laboratórios com experiência e em soros pareados para se observar a elevação dos anticorpos. A soroaglutinação em tubos para Brucella abortus com títulos > 80 ou > 160 em 24 a 48 horas, respectivamente, do período de incubação e o aumento destes em quatro vezes em testes pareados indicam a doença. A interpretação desses testes, em pacientes com quadro crônico, fica dificultada porque os títulos em geral são baixos.

Diagnóstico diferencial
Febres de origem obscura, endocardite bacteriana, febre tifóide, dentre outras infecções.

Fonte: Ministério da Saúde